Muito além do glamour e das manchetes, a relação entre Simone Signoret e Yves Montand foi marcada por uma convivência intensa, cheia de contradições, afetos profundos e feridas abertas. É esse lado menos idealizado, humano, frágil e persistente, que move “Eu, Que Te Amei” (Moi qui t’aimais), novo longa da cineasta francesa Diane Kurys, que chega ao circuito comercial brasileiro no início de 2026.
O filme parte do olhar de Simone Signoret, uma das maiores atrizes do cinema francês, que nunca se colocou como vítima, mesmo diante das repetidas traições do marido, a mais célebre delas, o affair de Montand com Marilyn Monroe. A proposta não é recontar uma trajetória de sucesso, mas observar o desgaste emocional de um amor que atravessou três décadas entre paixão, ressentimento e dependência afetiva.
Nos papéis centrais, Marina Foïs assume o desafio de interpretar Signoret, enquanto Roschdy Zem dá vida a Yves Montand. Sob a direção sensível de Kurys, conhecida por filmes como Por uma Mulher, o casal é retratado em sua fase final, quando o sentimento ainda existe, mas já convive com o cansaço, o ciúme e a memória das perdas.
Segundo a diretora, o interesse estava justamente nesse ponto de ruptura. Em vez do início arrebatador, o filme se concentra no momento em que o amor resiste mesmo quando tudo parece ruir. O mistério que atravessa a narrativa é simples e doloroso: por que continuar juntos quando o relacionamento já se desfaz aos poucos?
O projeto levou cerca de cinco anos de pesquisa e desenvolvimento. Diane Kurys divide o roteiro com Martine Moriconi e Sacha Sperling, além de assinar a produção pela New Light Films. O elenco conta ainda com Thierry de Peretti, Vincent Colombe e Raphaëlle Rousseau, e a trilha sonora é composta por Philippe Sarde, nome consagrado do cinema europeu.
Exibido na seleção Cannes Classics do Festival de Cannes 2025, Eu, Que Te Amei não pretende oferecer respostas definitivas sobre seus personagens. Como define Roschdy Zem, o longa funciona mais como uma proposta íntima do que como uma biografia tradicional, um retrato de um amor que, mesmo ferido, insistiu em existir.
“Eu, Que Te Amei” (“Moi qui t’aimais”), de Diane Kurys
2025 | 118 minutos
Estreia: dia 1º de janeiro de 2026
Distribuição da Autoral Filmes
