
O Bom Professor(Pas de vagues), Teddy Lussi-Modeste mergulha o público no coração de um caso delicado de um jovem professor injustamente acusado de assédio por uma das suas alunas. O filme, protagonizado por François Civil, foi baseado em fatos reais. O filme estreou nos cinemas dia 20 de março, este filme contraditório cativa e provoca a reflexão sobre as dinâmicas de poder e as injustiças na educação.
François Civil, traz uma performance carregada de emoção, entregando com muita paixão. François é conhecido pelos seus papéis em Deux moi et Le Chant du Loup e, mais recentemente, em Les Trois Mousquetaires, demonstra mais uma vez o seu talento para retratar personagens complexos e imbuídas de humanidade. Shaïn Boumedine, que se tornou conhecido em Mektoub, Meu Amor, traz profundidade e intensidade ao filme, enquanto Mallory Wanecque e Agnès Hurstel completam o elenco com desempenhos igualmente notáveis.
Julien, interpretado por François Civil, é um professor dedicado e muito apreciado pelos seus alunos. A sua vida sofre uma reviravolta inesperada quando uma aluna o acusa de assédio, desencadeando uma série de acontecimentos que isolam Julien não só dos seus alunos, mas também dos seus colegas. Apesar da sua inocência, a situação rapidamente se torna incontrolável, colocando Julien perante um complexo dilema moral e profissional.
O destaque do filme é a forma de explorar a dinâmica do assédio em um todo, no caso entre os alunos e até mesmo quando é dirigida aos professores. Coloca em questão a ação dos professores em uma sala de aula, onde qualquer interação pode ser mal interpretada e motivo de acusações de assédio.
Julien não revela sua orientação, para por um fim na acusação, mesmo seu parceiro Walid insistir que ele revele. Julien prefere manter sua vida privada, por estar em um ambiente conservador. Vimos neste momento como no sistema educacional o preconceito é escancarado. Ele não recebe ajuda dos colegas, ao contrário, ele é abandonado por todos, mostrando que o sistema é impotente e não protege quem deveria proteger. O diretor da escola diz “Sr. Keller, sem ondas”, onde deixa claro que para eles é melhor abafar o problema em vez de enfrenta-lo, mesmo que a vítima, esteja sofrente ataques e ameaças de morte.
O filme segue a complexidade e ilustra a narrativa onde a verdade só será revelada depois de todos terem sido confrontados. O Diretor Teddy Lussi além de contar sua história, nos convida a refletir sobre as consequências devastadoras de rumores e acusações infundadas.
Para finalizar O Bom Professor consegue acertar em toda a proposta em trazer um assunto delicado, seja se colocando no lugar do professor, ou dos alunos, onde nunca são tratados como totalmente errados. Todos são vítimas presas por uma situação de uma percepção inicial equivocada de uma adolescente, que também sofria em casa pelo comportamento abusivo do irmão. Como alguns comentários que ouvi na sessão, “É fácil gostar do filme” mas não é fácil aceitar ou compreender os acontecimentos, deixando em alguns momentos uma sensação de desconforto, pois toda defesa que Julien procura parece ser extremamente difícil.
O Bom Professor é filme com assuntos mais próximos da realidade, onde o público pode até em alguns acontecimentos, se identificar com alguma história de algum personagem do filme, e nos faz refletir em lidar com as experiências da vida.
NOTA | 4/5
Título Original: Pas des Vagues
Direção: Teddy Lussi-Modeste
Roteiro: Teddy Lussi-Modeste, Audrey Diwan
Elenco: François Civil, Shaïn Boumedine, Toscane Duquesne
Distribuição: Mares Filmes
França | 2024 | 91 min. | Drama | 14 anos
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