Crítica | 'Flow' uma bela narrativa animada, a mistura certa de realidade e fantasia

Crítica | ‘Flow’ uma bela narrativa animada, a mistura certa de realidade e fantasia

Cinema Crítica Filmes Orlando Naninho 11 de fevereiro de 2025 0 Comentários

Flow concorre a duas indicações ao Oscar 2025, concorrendo ao prêmio de melhor animação e melhor filme internacional, a direção é de Gints Zilbalodis e escrita por Zilbalodis e Matīss Kaža. Além das indicações ao Oscar, FLOW (Flow) venceu o Globo de Ouro de melhor animação e diversos outros prêmios

Um gato preto corajoso com olhos redondos e expressivos, não fala uma palavra de diálogo e age mais ou menos como um gato doméstico, mas sob o olhar amoroso do diretor Gints Zilbalodis, um personagem nobre pelo qual você não consegue deixar de torcer. Ronronando, arranhando e escalando paredes, esse gato praticamente salta da tela.

O maior destaque do filme é definitivamente a animação. Este filme é de tirar o fôlego, é muito suave, fluindo de cena para cena, e é notavelmente arrebatador. A trilha sonora, a música é sombria e pacífica quando precisa ser, e assustadora e caótica em outros momentos.

Como o filme não tem diálogos e os animais vivem como animais de verdade, a música ajuda a contar as partes mais abstratas desta história. Flow prende o público, com a ausência de humanos e como eles se viram sozinhos para sobreviver, enfrentar inimigos e ter confiança.

Os animais viajam pelo mundo para fugir da inundação que toma conta de tudo, é muito bonito e ao mesmo tempo intrigante ver animais viajando por cidades e estruturas feitas por humanos, mas não tem ninguém, somente eles e isso nos faz sentir diversas emoções, além de criar várias duvidas como, ” O que aconteceu com os humanos?”. Essa pergunta vai pairar na sua cabeça durante vários momentos do filme, mas ao mesmo tempo a empolgação que você sente com o comportamento dos animais e principalmente do Gato e torcendo por ele e os outros animais.

Sobre a História

Flow é a história de um gato que vive em uma cabana na floresta, desprovida de vida humana. O que aconteceu com o humano que vivia nessa cabana e esculpia estátuas de gatos que estão espalhadas ao redor dela, não podemos ter certeza. Mas um dia uma enchente vem e leva tudo embora. O nível da água sobe tão alto quanto as montanhas, forçando o gato a buscar refúgio em um barco que passava, capitaneado por uma capivara. Enquanto a dupla zarpa para mapas desconhecidos, na esperança de encontrar um porto seguro, eles se deparam e são acompanhados por outros animais para encontrar mais terra seca. No entanto, a ameaça cada vez maior da maré alta é sempre uma preocupação conforme eles vão de um lugar para outro. Isso adiciona um nível de tensão ao filme que é sempre sentido, mas nunca atrapalha a narrativa. Um lêmure obcecado com seu balde de bugigangas colecionado, um golden retriever amoroso e meio idiota, e um pássaro secretário majestoso, todos se juntam à tripulação. O grupo desorganizado de animais tem que aprender a sobreviver, se dar bem e viver com as peculiaridades uns dos outros conforme o filme avança. O Gato é nosso personagem principal incrivelmente sortudo que é salvo bastante no começo e fica assustado e cauteloso com muitas coisas, incluindo seus companheiros de navio. Mas conforme o filme avança, eles aprendem a ser mais confiantes e a aceitar os outros animais.

Algumas cenas podem te levar a várias interpretações como o momento que o pássaro-secretário vai embora na luz e o gato não consegue acompanha-lo, ou a cena pós crédito da baleia que me fez pensar ou ela voltou ao mar, ou ela também como o pássaro-secretário foi para um outro plano, ou será que a inundação voltou?

O filme é emocionante, os acontecimentos e comportamentos de cada um deles consegue te conquistar de formas diferentes. O tema principal do filme na minha interpretação é que a solidão não é fácil de superar, mas com a ajuda da comunidade e aceitando as diferenças dos outros, você pode aprender a encontrar companheirismo.