Com Chainsaw Man – O Filme: Arco da Reze, o estúdio MAPPA transforma um dos capítulos mais intensos do mangá de Tatsuki Fujimoto em uma experiência cinematográfica hipnótica e devastadora. Sob a direção de Tatsuya Yoshihara, o longa adapta o chamado “Arco da Garota Bomba” com um equilíbrio raro entre brutalidade e emoção, levando a saga de Denji a novos extremos, tanto visuais quanto existenciais.
A história parte do caos habitual: Denji, o caçador de demônios fundido à sua motosserra canina Pochita, tenta sobreviver em meio à insanidade de um mundo governado pelo medo. Mas, dessa vez, o perigo veste um sorriso doce. Reze surge como uma faísca de ternura em meio ao sangue e à sujeira, uma garota misteriosa que desperta em Denji o que ele jamais soube nomear: o desejo genuíno de ser amado.
Yoshihara conduz essa relação com uma sensibilidade surpreendente. O filme se constrói como um duelo entre carne e coração, entre o impulso e o afeto. Denji, um garoto que nunca conheceu o que é ser humano, vendeu partes do corpo, foi tratado como animal e vive sem referência de amor, encontra em Reze um vislumbre de humanidade. O público, por sua vez, é forçado a encarar o abismo que separa o homem do monstro… e o quanto esse limite, às vezes, é impossível de ver.

Reze, porém, não é o que parece. Seu charme é uma armadilha, sua doçura um pavio aceso. Ainda assim, o longa jamais a reduz a vilã. Ela é o espelho trágico de Denji, alguém dividida entre obediência e desejo, entre missão e sentimento. Quando o inevitável confronto explode, o filme encontra seu ápice: uma sequência de ação que é puro espetáculo sensorial. O som das lâminas, o vermelho diluído em chuva, o corpo se transformando em arma, tudo filmado com um rigor estético que apenas a MAPPA poderia alcançar.
A trilha sonora de Kensuke Ushio atua como extensão das emoções. Entre o ruído metálico e o silêncio suspenso, o compositor cria um espaço onde o amor e a destruição coexistem. Quando Denji e Reze se beijam sob a chuva, cada gota soa como o tique-taque de uma bomba prestes a explodir. E explode, não só em corpos, mas em sentimentos.
Visualmente, o filme é um assalto sensorial. O primeiro ato se banha em tons quentes e nostálgicos, quase românticos; no segundo, o mundo se rasga em cores doentias, fumaça e caos. A transição entre esses mundos traduz, melhor do que qualquer diálogo, a perda da inocência de Denji, e o colapso de qualquer ilusão de normalidade.
Mais do que um simples arco adaptado, Arco da Reze é a síntese do que Chainsaw Man representa: a violência como linguagem emocional, a ternura como um ato de resistência. Não há heróis, apenas pessoas tentando amar em meio ao inferno.
Chainsaw Man – O Filme: Arco da Reze é um espetáculo cruel e comovente, uma obra que sangra honestidade. A MAPPA entrega não só um filme tecnicamente impecável, mas também uma narrativa que aprofunda o vazio e a vulnerabilidade de Denji como nunca antes. Entre o amor e a carnificina, o longa prova que até monstros desejam ser compreendidos, e que, às vezes, o coração é a arma mais perigosa de todas.
NOTA: 5 | de 5

A saga sangrenta de Denji chega às telonas: Chainsaw Man – O Filme: Arco da Reze estreia nos cinemas brasileiros em 23 de outubro, com distribuição da Sony Pictures.
Direção: Tatsuya Yoshihara
Estúdio: MAPPA
Gêneros: Ação, Animação, Fantasia, Fantasia Sombria e Terror
Duração: 120 minutos (1h 40min)
País de Origem: Japão
Distribuidora (Brasil): Sony Pictures
Data de Lançamento (Brasil): 23 de Outubro de 2025
Classificação: 18 anos



