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Crítica | Rosario: um terror que sufoca pela atmosfera e não pelos sustos

Rosario, primeiro longa dirigido por Felipe Vargas, mergulha em uma trama onde a herança familiar e o sobrenatural se entrelaçam de forma inquietante. A história acompanha Rosario Fuentes (Emeraude Toubia, Shadowhunters), uma bem-sucedida corretora de Wall Street que retorna ao apartamento deixado por sua avó. O que parecia apenas um luto silencioso se transforma em um mergulho no desconhecido quando ela encontra uma câmara oculta, repleta de objetos ritualísticos e memórias sombrias.

Com José Zúñiga (Griselda, Sound of Freedom) no papel do pai de Rosario e David Dastmalchian (Late Night with the Devil, Oppenheimer) como o enigmático vizinho Joe, o filme apresenta um suspense marcado por magia negra, segredos enterrados e dilemas de identidade. Conforme presenças invisíveis passam a cercá-la, Rosario precisa confrontar não só o peso do passado, mas também o preço oculto de uma vida dedicada à assimilação e à promessa do sonho americano.

Rosario, que chega aos cinemas em 28 de agosto de 2025 pela  Imagem Filmes, não é apenas mais um filme de terror, é um mergulho desconfortável em atmosferas sufocantes, imagens grotescas e horrores íntimos. Felipe Vargas constrói sua narrativa não na correria de sustos fáceis, mas na textura úmida de um apartamento que parece apodrecer diante dos olhos, em cenas de horror corporal marcadas por sangue, insetos e decadência inevitável.

O filme herda muito do espírito do terror mexicano clássico, evocando uma estética carregada e quase ritualística. O espaço único, o apartamento da avó de Rosario, funciona como prisão e espelho, condensando claustrofobia e herança maldita em um único ambiente do qual não há fuga. O resultado é menos um choque imediato e mais um incômodo persistente, que acompanha o espectador depois que a tela escurece.

Se a trama se ancora em temas já explorados pelo gênero, traumas de família e feridas transmitidas de geração em geração, Rosario encontra fôlego próprio ao conectar esse terror íntimo à experiência da assimilação cultural, às pressões invisíveis de se encaixar em um país que promete sucesso, mas cobra um preço silencioso. Não reinventa a roda, mas acrescenta camadas que tornam a experiência mais atual e relevante.

As atuações são cruciais para que esse universo perturbador não se descole da realidade. Emeraude Emeraude Toubia oferece uma performance vulnerável e densa, equilibrando medo, confusão e dor de luto de forma que mantém o público preso à sua jornada, mesmo quando o absurdo grotesco toma conta da tela. David Dastmalchian, em aparições pontuais, sustenta uma aura de ameaça ambígua, e é justamente essa indefinição que intensifica o mal-estar.

No fim, Rosario pode não alcançar um clímax arrebatador, mas entrega uma experiência memorável de terror atmosférico: um filme que arrepia mais pela sensação pegajosa e inescapável que deixa do que por sustos imediatos. É uma jornada que incomoda, provoca e permanece, ecoando no silêncio após a sessão.

NOTA:  4,5 | de 5

Elenco:
Emeraude Toubia: Rosario Fuentes
David Dastmalchian: Joe
José Zúñiga: Oscar Fuentes
Diana Lein: Elena Fuentes
Emilia Faucher: Rosario (jovem)
Paul Ben-Victor: Marty
Nick Ballard: Alex
Guillermo Garcia: Miguel
Isabella Hoyos: paramédica
Constanza Gutierrez: Griselda

Ficha Técnica:
Direção: Felipe Vargas
Roteiro: Alan Trezza
Produção: Jon Silk, Javier Chapa e Phillip Braun
Fotografia: Carmen Cabana
Montagem: Claudia Castello
Direção de Arte: Carlos Osorio
Figurino: Daniela Rivano
Música: Will Blair e Brooke Blair
Casting: Natalie Ballesteros e Alan Luna
Ano e países de produção: Colômbia/EUA, 2025
Produtoras: Highland Film Group, Mucho Mas Media e Silk Mass
Distribuição no Brasil: Imagem Filmes

Rosario será lançado nos cinemas brasileiros em 28 de agosto, Confira o trailer:

Criador de conteúdo do ON Pop Life, é apaixonado por cinema, cultura geek e pop japonesa. Atua há mais de 10 anos na cobertura de eventos, shows e já organizou eventos de anime.